terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Livros: Esaú e Jacó


Quem acompanha meu blog há algum tempo sabe que em Janeiro eu comecei a ler Esaú e Jacó, de Machado de Assis, e pretendia terminar o livro esse mês. Na verdade eu o terminei já faz algumas semanas, mas meio que protelei em escrever uma review do livro por pura preguiça.

O primeiro capítulo do livro, 'Advertência', conta que quando um diplomata chamado Aires morreu foram encontrados sete cadernos, numerados de um a seis em algarismos romanos, com o sétimo intitulado 'Último'. O sétimo caderno, no entanto, não tinha relação com os outros seis, pois enquanto os outros seis eram uma espécie de diário, o sétimo era uma narrativa em terceira pessoa. O resto dos capítulos conta a narrativa do sétimo caderno. Eu achei isso particularmente interessante porque embora a história seja narrada na terceira pessoa por um narrador aparentemente distante dos acontecimentos, nós temos essa informação que nos diz que a narrativa foi escrita por um dos personagens da história, de forma que a objetividade do narrador fica um tanto ambígua.

O enredo gira em torno dos gêmeos Pedro e Paulo, que apresentam uma rivalidade desde crianças. Essa rivalidade é acentuada principalmente em suas opiniões políticas - a história se desenvolve no período de transição da monarquia para a república, sendo Paulo republicano e Pedro monarquista - e depois vira uma rivalidade romântica quando eles se apaixonam pela mesma mulher. O legal da história é que o dilema de Flora para escolher entre Pedro e Paulo é abordado de forma extremamente profunda, como se fosse um dilema existencial dela. Um dos gêmeos é retratado como que meio que representando a estabilidade e o outro a inovação, de forma que cada um deles a completa e ao mesmo tempo não a completa.

Outra coisa legal desse livro é que eu senti que ele é bem mais leve que os outros no sentido de não ter tanto aquele tom sério que um narrador emo (lol, sim. mas eu acho que esse é o melhor adjetivo para descrevê-lo) como o Bentinho propicia, tendo até um certo tom de comédia em certas ocasiões. Não me entenda errado, o livro é do Machado então ainda é pessimista e mostra as pessoas como sendo falsas e superficiais, mas às vezes essa lado meio hipócrita das pessoas é mostrado de uma forma mais bem humorada do que dramática.

Enfim, esse é por enquanto meu livro preferido do Machado, e eu o recomendo a todos que se interessam por clássicos da literatura (e a todos que não se interessam mas estão dispostos a tentar algo novo ). Para quem se interessar, você pode encontrar a obra completa do Machado de Assis aqui.

4 comentários:

  1. Pela resenha, fiquei com vontade de ler!! E, realmente, adoro a forma como o Machado escreve sobre a hipocrisia das pessoas em seus personagens...

    Meu livro preferido dele é "Quincas Borba". Uma das minhas séries preferidas também foi baseada Machado, "Capitu"!

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    1. Ah, eu vi essa série! Eu também amei! Eu adorei o figurino e cenários nessa série, e as coisas meio lol do tipo Bentinho e Capitu indo pro baile com fones de ouvido. Achei as escolhas artísticas interessantes :3

      Eu ainda não li Quincas Borba, mas definitivamente está na minha lista ♥

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  2. A série é mesmo maravilhosa! Uma das minhas cenas preferidas é a do primeiro beijo de Bento e Capitu... Ficou tão delicada!

    E, cá entre nós, "Capitu" foi aquele tipo de seriado que deu para sentir que ia ser bom desde as primeiras cenas. Melhor produção brasileira para tv, na minha humilde opinião! <3

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    1. Particularmente eu gostei do enterro do Escobar, adorei terem deixado o cenário todo branco e tal, deixou mais dramático 8DD
      Também gostei de quando ele vai nadar a e se afoga (achei tão teatro XDD), e dos padres dançantes. Isso foi particularmente legal.
      A trilha sonora nessa série também é ótima 8DDD

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